Poemas de Luis Perequê

Durante seus shows Luis Perequê declama alguns poemas de sua autoria, mas o público pede para ser divulgado para lerem e mostrarem para mais pessoas. Então, aí vão "Homem Alma" e "Aves e Ervas":



 Homem Alma
(Luis Perequê)

 Ah se meu cavalo branco
Feito de plancto e espumas
Não se desmanchasse na areia
Eu seria, eu seria eu, sereia...
Se minhas asas esculpidas em cúmulos
Pesadas de tantos sonhos
Não se desmanchassem com o vento
E eu centímetro por centímetro, sentimentos
E a liberdade, de nada saber sobre os homens, nada...
Queria não acreditar nem atribuir a Deus
O que não compreendo
Apagar a existência de divindades
Entre eu, os cachorros, as flores e as fadas
E ser só asas...
Homem asa, homem alma, homem pássaro
Pássaro nos dias vestidos de azul
Como é comum no outono
Mas não, sou preso de carne, ossos e planos
Planos inúteis de tão humanos...
E meu cavalo branco
Feito de plancto e espumas se desmancha na areia
E se recria no rufar dos remos,
Na linha d’água das canoas, na proa de grandes navios
Na prata que cai da lua, no ouro que finda a aurora
Nas vozes que trazem o dia.
                                                     
                                                                                                   
Aves e Ervas
(Luis Perequê)

Madrugada se levanta, canta galo, tudo canta...
Beira de mar, Mata Atlântica!
Suave canção de aves, cheiro de erva pisada,
Trilha, trabalho, renda de orvalho,
Tramam tratores, novas estradas.
É a mentira do progresso mudando o rumo dos versos
Casa de aves e ervas, virando areia e deserto
Matas mortas, morros calvos e os corvos cuidam do resto
O povo vence o grileiro, mas não vence os projetos
Da mentira dos políticos mascarados, desonestos.
No canto bravo do Sono, vou deixando um manifesto
Adeus, adeus curupira, caipora e insetos
Os guardiões naturais não têm armas pro concreto
Mata Atlântica te levanta, deixo meu peito aberto
Pra te guardar na lembrança, pra te contar pros meus netos
No registrar dos meus olhos vou te cantar nos meus versos
Se pudesse eu te dava as asas do pensamento
Quem sabe te guardaria do jeito que eu te penso
Criando os teus nativos, crescendo no teu silêncio
Bem longe desses projetos de pseudo crescimento
Que prometem melhoria e trazem arrependimento
Porque vem os condomínios com o fascínio do dinheiro
E o pescador troca a rede pela colher de pedreiro
Depois só volta na praia, de gari ou faxineiro
A estrada do político não foi feita pro roceiro
Só serve pra o levar no dia de ir limpar o lixo dos forasteiros
E a cultura é esmagada, como se deu tantas vezes
Trocamos trovas da roça por batuques e farofas
Ou silêncio pros burgueses
E assim começa outra história porque é o fim da estrada
Não tem matas, não tem aves, não tem ervas, não tem nada
Tem uma cerca, um portão, um caiçara de farda
E uma placa, atenção: É PROIBIDO A ENTRADA.

Comentários

Anônimo disse…
hoje dia 20-08-2021,tudo q vc com sua sensibilidade conseguiu prever que aconteceria ,comecou hoje com as nossas liderancas junto com esse governo comecaram passar a boiada
Infelismente este dia chegou ,o dia q o caicara na ilusao do progresso ,vao destruir sua maior riquesa que e sua terra.Hoje comecaram a acabar c o sono.Hoje comeca nosso pesadelo